LGBT NO AR
Você sabe a importância do dia 17 de maio para a comunidade LGBT?
Essa data é marcada como Dia Internacional contra a LGBTfobia, a data foi escolhida porque neste dia em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aboliu a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). Declarou-se que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. Se passaram apenas 30 anos desde que a homossexualidade não é considerada doença e a comunidade ainda enfrenta diversos preconceitos e violências.
A revista CLAUDIA ouviu uma série de pessoas que se dedicam a dar visibilidade à causa LGBT e que trabalham no combate à discriminação:
Cinthia Gomes, a interseccionalidade e o ser aliada
“Convergir essas duas lutas – a racial e a LGBT – foi inevitável, a partir do momento em que percebi que a exclusão e o risco eminente de morrer se acentuam quando acumulamos estigmas em nossos corpos”, notou a assessora parlamentar Cinthia Gomes, 39 anos, que nasceu no Rio de Janeiro, mas hoje vive em São Paulo.
O processo de identificação com a bissexualidade muitas vezes é visto como confusão principalmente para quem está fora do movimento. “As pessoas bissexuais são invisibilizadas e rotuladas como se não soubessem o que querem. E isso tem um impacto também nas nossas relações afetivas e sociais, já que há um uma leitura de que somos ‘promíscuas’, um estigma muito forte.
Mesmo se identificando como uma mulher negra, cis e bissexual, dentro do movimento LGBT+, Cinthia encontrou uma forte conexão como aliada das causas de travestis e trans. “A travesti morre espancada na rua, depois de ter sido expulsa de casa, sem concluir os estudos nem acessar o mercado de trabalho e só encontrar alternativa na prostituição. Em 82% dos casos, isso acontece com uma travesti negra”, aponta.
Para Cinthia, a interseccionalidade das questões LGBT+ e raciais é mais uma camada no processo de silenciamento das pessoas que vivem nos pontos em que as duas questões convergem. ”As pautas de maior visibilidade são as reivindicações de gays, lésbicas, bissexuais e pessoas trans brancas. São aquelas sobre direitos civis, como casamento ou direito sobre a herança. Essas reivindicações – muitas delas, já conquistadas – embora pareçam universais, para as pessoas LGBTs negras são privilégios que só iremos acessar se conseguirmos permanecer vivas”, revela.

(Cadu Bazilevski/Reprodução)